sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

O MEU RIO TEJO
Foto: Samuel Patrocínio

Por muito que não queira, não posso deixar de reagir com mágoa, com muita mágoa, à vil forma, de como está a ser tratado o  “meu Rio Tejo”.

Não consigo compreender como ainda existem “fantasmas”, sim “fantasmas”, que continuam impunemente a fazer despejos de resíduos para o “meu Tejo”, aleijando-o na sua majestosidade, pouco depois de entrar em território nacional. 

Disse “fantasmas”, porque ao que parece nunca, ou quase nunca se sabe quem abriu a boca do “Adamastor poluidor” para que derramasse “líquido de morte” nas águas do “meu Tejo”. 

Constantemente vejo nas redes sociais, as sofridas, mas valentes águas do “meu Tejo”, que num insistente  turbilhão de gemidos visuais e odoríferos, teimam em manter-se à tona, para suplicar ajuda humana.

Conheço bem “o meu Tejo”. Sei quando ele chora. E, o “meu Tejo” quase já não tem força para deixar cair uma simples lágrima de súplica.


Nota: Existem 3 rios que fazem parte da minha vida. O Rio Alviela, o Tejo e o Guadiana. E ainda um outro que tenho quase mesmo à porta (a 2/3 Kms) que é o Ardila.  É curioso, mas sempre vivi, ou junto ao mar, ou praticamente nas margens de Rios. 


Rio Alviela - Vivi cerca de 16 anos, num Planalto, com uma vista soberba, que guardo no eco da minha saudade, sobre cerca de 3/4 Kms de percurso e cerca de 500 metros de distância,  do Rio Alviela, um afluente do Rio Tejo. No Verão via-o quase seco, mas nunca secou. No Inverno admirava as suas cheias.  O Rio Alviela, é um dos mais importantes Rios de Portugal, apesar de poucos o conhecerem. Tem a maior nascente de água doce de Portugal, captando as águas que se infiltram nas vastas áreas calcárias das Serras de Aire e Candeeiros. Fornece parte da água que a cidade de Lisboa, bebe. A pouco quilómetros da nascente sofria uma facada aguda na sua alma. Era invadido pelas águas turvas da indústria de curtumes de Alcanena (a minha amada terra). No passado a agressão era brutal, agora, pode ir respirando de alívio, num alívio que nem sempre dá tréguas. 


Rio Tejo – O Rio Tejo é o Rio da minha capital de distrito, o Rio que admirava e admiro a partir do Miradouro do Jardim das  Portas de Sol, em Santarém,  ou quando constantemente o atravessava pela antiga ponte e agora pela Ponte Salgueiro Maia. O Rio que me ligava do Ribatejo Norte até ao Ribatejo Sul, ali para as bandas de Salvaterra de Magos, durante os meses de Verão e aos fins-de-semana, anos a fio. O Rio que no Inverno me pregava partidas, e me obrigava a conduzir ou a ser conduzido,  entre Almeirim e a Azeitada, com a água pelo motor do carro, sabendo que em pouco minutos, a estrada já não me permitia sequer essa arriscada circulação, ou quando por esse motivo me obrigava a ter que ir por Lisboa. O Rio que nessa casa de Salvaterra, me permitia sentir a sua força aglutinadora. O Rio que me levava muitas vezes até à praia de Magos, ou até ao respirar da vida dos pescadores do Escaroupim. Sempre que vou a essa casa, continuo a sentir o “meu Tejo”.


Rio Guadiana – O Rio que quase todos os dias, hoje,  atravesso. O Rio que vi transformar, e criar a maior albufeira da Europa. O Rio da Esperança para uma terra queimada pelo Sol. O Rio que transformou as manhã dessa terra em nevoeiro. O Rio que para mim continua a ser de Esperança. O Rio que “absorvo” calmamente na sua passagem diária pela albufeira de Pedrogão e me faz recordar, vivências de outro tempo.  O Rio que projeta  o palpitar do meu coração, para “o meu Alviela” e o “meu Tejo”.

domingo, 21 de janeiro de 2018

PORTUGAL / ANGOLA
Já há muito que Portugal e Angola andam “de candeias às avessas”, apesar de alguma classe política da nossa praça, tentar minimizar a desavença.

O anúncio do encerramento dos consolados Angolanos de Lisboa e Faro, levou a um coro comentários pouco abonatórios nas redes sociais, para com Angola, que quanto a mim não devem ser ignorados.

Há quem diga que Portugal e Angola, estão condenados a serem eternos parceiros, e que Angola, jamais encontrará outro país no mundo que a conheça e entenda como Portugal.

Não quero neste post focar-me no motivo das quezílias, que estão a levar ao extremar de posições por parte das autoridades de Luanda face a Lisboa. Quero apenas reflectir na reacção das redes sociais.

Concordo claramente que não existe nenhum país no mundo que conheça e saiba a intimidade e pensamento do povo Angolano, como Portugal. Isso é óbvio. Mas, será por quanto tempo? 

Não tenho dúvidas que na relação Portugal/Angola, um desprendimento da sociedade portuguesa para com Angola, trará indubitavelmente mais prejuízo para Angola.

Apesar dos Angolanos considerarem que Portugal necessita desesperadamente dos investimentos de Angola, não estou tão seguro disso. Sei que o mercado de Angola é de importância fundamental para a indústria portuguesa. Mas não é de economia que estou preocupado, porque em economia, mandam sempre as regras da economia e não as regras do relacionamento fraternal entre países.

Baseio as minhas evidências no facto dos seguintes pressupostos:
- desaparecimento de uma geração de Portugueses, que viveu e transformou Angola, levando consigo saberes únicos, não transmitidos;
- acomodamento de uma geração que nasceu em Angola, filhos de pais Portugueses,  que se estabeleceu em Portugal depois da independência mantendo somente laços de ternura para com Angola;
- o desabrochar de novas gerações que não têm qualquer tipo de relação com África, praticamente ignorando-a,  virando claramente os seus interesses pessoais, profissionais e de amizade para o território Europeu.
- a hipocrisia das elites Angolanas, que utilizam Portugal em seu favor, mas que em território Angolano, continuam a alimentar o ódio ao país colono, não facilitando, nem encorajando a um maior envolvimento relacional do povo Angolano, para com Portugal.

Muitos outros motivos poderia indicar, mas estes são aqueles que na minha óptica, mais peso têm no despreendimento da relação entre Portugal e Angola. 

E, nesta relação a tempo, não tenho dúvida que Angola ficará claramente a perder, porque jamais, encontrará um país que a compreenderá, entenderá e ame mais, do que Portugal.

Amanhã começa o Julgamento do Ex-vice-Presidente de Angola, Manuel Vicente, em Portugal. A única coisa que se espera é que João Lourenço, entenda que o interesse de Angola, está muito claramente acima de questões individuais.

domingo, 7 de janeiro de 2018

TULCEA - SULINA

Em 2012, já lá vão uns anitos, tive oportunidade de estar 2 semanas na Roménia. Fiquei alojado na Região de Dobruja, concretamente na cidade de Tulcea. A partir daí, praticamente todos os dias visitei outras cidades Romenas, incluindo Constança e claro, a capital Bucareste.

Tulcea fica no Extremo Oriental da Roménia, e é conhecida por ser a cidade do Delta do Rio Danúbio. 

Foi-me oferecida a oportunidade de viajar por um dos três braços do Delta do Danúbio. No caso, o braço de Sulina, que liga a cidade de Tulcea à “cidade” de Sulina, que fica nas margens do Mar Negro.

Do outro lado do Braço, e a pouca distância fica a Ucrânia.

A viagem durou cerca de cinco horas de barco. Dormi em Sulina. No outro dia pela manhã regressei a Tulcea.

Este braço do Delta do Danúbio, é uma via de comunicação importante para um conjunto de aldeias ribeirinhas. Todos os bens chegam de barco. E, no barco não se perde tempo e desenvolvem-se as actividades possíveis.

Na margem direita repousam um grande número de navios militares, que foram “personagens” ativas do tempo da guerra fria.

Deixo-vos com algumas fotografias.


quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

2018
Desenho: Samuel Patrocínio
 
Mais do que nunca, parece-me que o termo “Resolução” invadiu a cabeça dos portugueses. Constantemente e de forma amiúde perguntam-me que Resolução tomei para 2018 e ao meu vazio de resposta, avançam com as suas resoluções para o presente ano.  

Não tenho nada contra a palavra, nem me faz qualquer tipo de espécie. Também não tenho nada contra quem “constrói” Resoluções nos inícios de cada ano. Antes pelo contrário. Parece-me bastante bem, que cada um, perceba a vida que vive, e pelo menos tenha a intenção mental de inverter posturas de vida. Sim, intenção mental, porque passar à prática é outra coisa bem diferente.

A esta altura a vossa depreensão está completamente correta. Não tomei qualquer Resolução para 2018. Não, porque não necessite. Necessito. Habituei-me à muito a tomar Resoluções em qualquer altura do ano. Tomo as minhas Resoluções, quando o termo Resolução já hibernou. Mas como a grande maioria, enfermo na incapacidade de resistir a outros ditames e rapidamente, volto ao pecado original.

Seja como for. Com Resolução ou sem Resolução, desejo a todos os amigos e leitores do “Palavras Sem Jeito”, um 2018 com Tudo de Bom.

P.s – Resolução do dia 3 de Janeiro de 2018 – Conseguir no “Palavras Sem Jeito”, editar mais posts que em 2017.