domingo, 22 de novembro de 2009

CAIM e a cainização

Desenho e Foto: Samuel Ramos Patrocínio


Não, não vou propriamente fazer um post dedicado a esse livro que estão a pensar, nem sequer citar o nome do seu autor, porque assumidamente e sendo este espaço meu, esse nome não entra, por uma série de razões que não me vou dar ao luxo de abordar.

Quero apenas que fique claro que sou sempre a favor da liberdade de expressão responsável, mesmo que essa seja levada ao limite.

Seja quem tenha sido Caim, a verdade é que se fala cada vez mais, daquilo a que não é novo, mas que se tem vindo a agudizar e que designo por “Cainização” da nossa Sociedade e que assenta em:

- que cada vez mais, a dignidade de CARACTER é cada vez menos um valor prioritário, da nossa sociedade. Parece que o que apenas conta, é atingir um determinado objectivo, independentemente de se olhar a meios.

- que salvo raras excepções, não há pejo em utilizar tudo com o objectivo final de se atingir algo.

- é cada vez é mais difícil conseguir viver-se ou até mesmo sobreviver-se neste matagal de ervas daninhas, usurpadoras dos mais básicos e elementares valores de vivência e convivência em sociedade.

- de uma forma quase geral, foi desenvolvida uma enorme capacidade de maleabilidade teatral, que leva o individuo a parecer um manso cordeirinho, mas que na realidade não passa de um esfaimado lobo, sem qualquer apego ao designado “ peso de consciência”.

Desenganem-se se me considero excluído da “Cainização”, NÃO, de modo nenhum, porém há situações em que ainda não me revejo e espero nunca me rever.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

DE NOVO A CAMINHO DO ADAMASTOR




Finalmente Portugal conseguiu.

Foi difícil, sofrida e sofrível , a caminhada da Selecção Portuguesa de Futebol, rumo ao mundial da África do Sul.

Não me apetece dissertar, pelo menos hoje, sobre esta longa, longuíssima “espera” de ver Portugal, rumo a terras outrora, já por nós navegadas. Quero apenas referir que não tinha havido necessidade de ter-mos de ter feito um Play-off, mas isso, é já também um velho fadado rosário português.
Sobre o Play-off, no jogo da Bósnia Herzegovina, um brevíssimo comentário, sobre a população Bósnia. Para se pertencer a um país, melhorzinho que a Bósnia, implica alguma atitude civilizacional, assente em matrizes culturais de respeito pelo outro e pelos outros, ainda que, possamos não morrer de amores pelos mesmo ou mesmos. Por tudo o que se passou, com a Selecção Portuguesa, e, principalmente pela forma vil, selvática, gratuita e despojada, com que se manifestaram para com a PORTUGUESA, hino de Portugal, demonstra bem, que se alguma vez quiserem pertencer à Europa Civilizada, ainda têm muito, que tomar injecções de boa educação, só que essas …não se vendem na farmácia.

E, aí está PORTUGAL de novo a caminho do Adamastor, para tal como fez Vasco da Gama, DOBRÁ-LO.

Excertos do canto V, dos Lusíadas de Luiz Vaz de Camões:

39
Não acabava, quando uma figura
Se nos mostra no ar, robusta e válida,
De disforme e grandíssima estatura,
O rosto carregado, a barba esquálida,
Os olhos encovados, e a postura
Medonha e má, e a cor terrena e pálida,
Cheios de terra e crespos os cabelos,
A boca negra, os dentes amarelos.
50
Eu sou aquele oculto e grande cabo
A quem chamais vós outros Tormentório

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

TEMPO

Foto: Samuel Ramos Patrocínio

Se o TEMPO fosse meu,

Há muito,

que não havia TEMPO

para o TEMPO.


segunda-feira, 9 de novembro de 2009

20 anos depois de 28 anos de MURO DE BERLIM


Enquanto coloco este post, o que não o poderia deixar de fazer, assisto pela televisão à “queda de 2 km de peças em dominó”, simbolizando o derrube do Muro de Berlim, sendo visível uma alegria esfuziante pouco comum no rosto do povo alemão, celebrando a vitória da LIBERDADE.
Disse que não o poderia deixar de fazer, porque desde muito novo, embora fisicamente distante, por intermédio de familiares que viviam quase “colados” ao Muro, contactei com muitas histórias de roubo da liberdade individual e colectiva de um povo, que não queria, nunca quis nem quererá, ser encarcerado pela filosofia dogmática de alguns ditos iluminados da nossa história universal, detentores de teorias de soberba inteligência, cujo paradigma se baseava no crer que a morte de um milhão de pessoas não passava de mera estatística.
Recordo-me, de ouvir histórias dramáticas e inenarráveis, daqueles que nunca cederam aos ditames do imperialismo Soviético e resistiram, perdendo quase sempre a vida ao tentarem a ansiada LIBERDADE com que sempre sonharam.
20 anos depois de 28 anos de Muro de Berlim, já todos tiveram oportunidade de entender que o Muro representava a diferença entre ter ou não ter DEMOCRACIA (lida em sentido lato – dava muitos posts) e consequentemente LIBERDADE.
Disse, tiveram.

O facto é que infelizmente em Portugal, muitos há que gostam de viver a LIBERDADE do lado de cá do Muro, mas pensam nostalgicamente na REPRESSÃO do lado de lá do Muro.

Pena é que nunca tivessem vivido do lado de lá do Muro, porque certamente já tinham demolido o SEU MURO de natureza mental.

P.S – Os resíduos resultantes do Muro, serviram para “betonar” as frágeis estradas da Alemanha de Leste.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

HÁ-DE CHEGAR O TEMPO

Foto: Samuel Ramos Patrocínio

Há-de chegar o tempo
Das nuvens se afastarem
E, sentires os raios do sol
Iluminarem o espírito.

Há-de chegar o tempo
Em que tudo se transforme,
E a lua, ilumine a noite

Há-de chegar o tempo
Em que tu,
Tu,
Tu serás,
Apenas tu.