quinta-feira, 31 de maio de 2018

SORVESSE OS PENSAMENTOS
Foto: Samuel Patrocínio

Passavam poucos minutos das 17 horas. Sexta-feira, dia 25 de Maio. Para trás uma consulta de familiar na Capital.

Sentei-me num dos sofás da ala esquerda do Centro Comercial do Montijo, ali, mesmo ao lado dos cinemas. 

Desde há praticamente o inicio do mês os afazeres profissionais, pouco tempo me têm deixado para escrever o que quer que seja aqui no “Palavras Sem Jeito”. Jeito de remediar a situação, refugiar-me nas fotografias que postei.

Ali naquele sofá pensei no facto. 

Pensei que várias vezes me apeteceu escrever sobre temas importantes que entretanto se foram desenrolando e perderam a actualidade.

Por instantes debati-me internamente sobre que tema iria fazer parte do próximo Post. Este. Debati-me, mas rapidamente mergulhei na observação do redor, como faço vezes sem conta. 

Nessas alturas elevo-me à circunstância de voyeur, translado o foco por breves instantes,  para os indivíduos passantes, como se  penetrasse no seu crepúsculo e lhe sorvesse os pensamentos. Tento intuir, o que lhes vai na alma, o que os atormenta, o que os move … a sua essência,  que género de SER são … enfim, descaradamente roubo-lhes a privacidade, dispo-os do seu Espírito, e encosto-os à parede sem lhe deixar qualquer espécie de refúgio e tudo  sem sentir o mínimo remorso.

Vezes sem conta os meus olhos fintam-se com os demais, e entrelaçam-se nos desvios misteriosos das nossas formas empíricas. Por segundos constitui-mos uma só imagem. Uma imagem sem cor, sem contorno, sem estrutura, sem forma. Uma imagem de entendimento mútuo, mas sem projecção. 

O tempo passou. Não me apercebi.

A volta pelas lojas tinha terminado.    
         
Chegou ao fim a minha terapia contemplativa.

Desvio o olhar para as compras que foram feitas e faço-me à estrada até me embrenhar nas entranhas do Alqueva.
 

quarta-feira, 30 de maio de 2018

ESCLEROSE MÚLTIPLA

Hoje é o Dia Mundial da Esclerose Múltipla. Para referenciar este dia, deixo um pequeno filme de Esperança, onde tive o prazer de "intervir", juntamente com um conjunto de jovens.

segunda-feira, 14 de maio de 2018

BAIXO ALENTEJO - Maio de 2018





Fotografias: Samuel Patrocínio / Dispositivo: Telemóvel

quinta-feira, 10 de maio de 2018

SORRI. RECORDEI. VIVI.
Foto: Samuel Patrocínio

Todos os dias úteis e alguns não úteis, bem cedo pela manhã, pego no meu velho carro, companheiro de longos anos e metemo-nos à Estrada num total de 45 Kms. 45 Kms é a distância que medeia a minha casa, do meu local de trabalho. 45 para ir, mais 45 para vir. 

Nunca "apanhei" uma fila de trânsito, e o stress maior ocorre quando “apanho” um trator e/ou  máquina agrícola, ou um desvairado que julga que a estrada é a “parada” do seu monte. 

Não ando por terras de ninguém, mas quase. Apenas passo por 2 aldeias, e nem sequer é pelo seu centro.

Muito tempo para poder livremente pensar.

Hoje não foi diferente. 

Mal saí da  pequena cidade onde moro, liguei o turbo nos meus pensamentos mais íntimos, com a assessoria do som de fundo da Antena 1.  Percebi, pela rádio, que hoje era a quinta-feira da Ascensão. À velocidade da luz focalizei o cerne do meu pensamento na minha adolescência. 

Transportei-me para o meu Ribatejo. Emudeci-me na profundidade silenciosa mas agudamente lancinante da minha saudade.

Sorri, ao imaginar-me nessa mesma hora, a chegar aos “Olhos de Água”, nascente do meu Rio Alviela e encontrar rostos sem fim, de gente. Gente que outrora era a minha gente. Gente como eu.

Sei que essa gente, àquela mesma hora, cumpria, como sempre cumpriu, a tradição da gente de Alcanena. E, nos “Olhos de Água”, preparavam-se para em convívio fraternal passar o dia da Espiga, feriado Municipal da minha Alcanena.

E, dos “Olhos de Água” olhei para Este, e lá no fundo do Horizonte, bem no fundo, estava com sempre esteve e sempre continuará a estar o cabeço da Raposeira, com um pequeno ponto quase indecifrável, mas que é para mim um esteio de Luz. A casa onde me fiz gente. 

Com a Alma despedaçada cheguei ao meu destino.

Parei. 

Desliguei o meu companheiro. Ao Espelho observei o meu rosto. Não chorei. Sorri. Recordei. Vivi.