quarta-feira, 5 de julho de 2017

Olho Para Mim
Foto: Samuel Patrocínio

Olho para mim e já não consigo disfarçar,
que cresci.

Tornei-me gente,
gente,
de um Mundo de Ausentes.

Gente de sonhos expropriados
a troco de miseráveis sorrisos,
tirados a escopros, gastos pelo uso,
da lancinante
cratera do SER.

Gente de tresloucados espíritos,
atormentados,
por presunçosos dias de uma infantil efemeridade,
que trespassa o sentimento,
E se embrenha na alma.

Gente que foge do “eu”,
numa maratona sem fim,
em demanda do NADA, convencida
da conquista do TUDO.

Gente que se encrosta em trivialidades
rejeitando, ser quem é,
e se adorna em torno do despovoado,
degustando suavemente,
uma sapiência
que despreza.

Gente que melodiosamente tilinta em abruptos rodopios,
Desenhando trajectórias,
de felicidade,
que as amarras da ignorância impedem de reconhecer.

Cresci.
Tornei-me gente.
Gente não muito diferente, de toda a gente
 

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