sábado, 6 de novembro de 2010

DE ONDE VIMOS, O QUE FAZEMOS AQUI, PARA ONDE VAMOS...

Foto: Samuel Ramos Patrocínio

Não há para o Homem, dilema mais intrigante e desafiador do que, saber de onde veio, o que faz aqui e para onde vai. Esta sequência está no cerne do princípio basilar em que assenta todo o pensamento humano. É o tónico estimulador e trave mestra que norteia a espiritualidade humana, em qualquer das suas crenças, sendo igualmente por outro lado a unidade essencial que impulsiona a força motriz do conhecimento cientifico.

Bem antes da procura incessante da “verdade” por meios científicos, já o Ser Humano procurava encontrar respostas, indo de encontro à sua dimensão espiritual, para explicar o desconhecido, nem que essa dimensão assentasse apenas no poder do totem.

Hoje é sabido, que a sociedade contemporânea mais do que valorizar a dimensão espiritual e o conhecimento científico, pelo menos no Ocidente, “assentou arrais” em filosofias indubitavelmente caracterizadas pelo consumismo e materialismo, factor claramente inibidor do pensamento.

Como Ser Humano dou muitas vezes comigo a tentar arranjar fundamentos, que possam minimamente ter uma razão plausível, que como a muitos, me aquietam o espírito. Incorreria em inverdade, se referisse que não postulo o meu pensamento em “conhecimentos” científicos que são presentemente aceites como verdades quase inquestionáveis, ou em crenças assentes no determinismo da fé.

Entendo que, pelo menos até que o conhecimento não consiga transpor níveis de sapiência (presentemente, para mim, extremamente difíceis de imaginar como se corporizam), não será possível obter a verdade que todos perseguimos e ambicionamos, por outras palavras, penso que o Homem levará muito tempo, e nessa altura nem sei se o homem terá o aspecto físico que hoje apresenta, até que consiga ter a “pureza” suficiente que lhe permita ter o entendimento e domínio do saber, compagináveis para com as exigências da mais ansiada das respostas. Muito provavelmente quando isso acontecer , e continuo a dissertar, é porque estamos preparados para entrar numa outra dimensão, pois tudo aquilo que Hoje faz sentido, deixará de fazê-lo. Desvendar-se-á o âmago do existencialismo humano. Aquilo que hoje canaliza todas as sinergias em procura de uma resposta, deixará de ter sentido.

Quer se acredite em teorizações assentes em matrizes científicas, ou ao invés com génese na multiplicidade de “filosofias” baseadas nos mais diversos princípios fundamentados da crença, ninguém, pode com certeza, dizer ser detentor de alguma verdade, que quer se queira quer não continua intangível.

Mesmo a “verdade” assente na presunção científica que apresenta uma resposta para uma parte do percurso (independentemente da sua discutibilidade), o aparecimento do Homem, não consegue responder ao que se passou a montante deste episódio ( como tudo surgiu/ o que haverá para além do nosso Cosmo /etc), nem tão pouco à pergunta presente “o que fazemos aqui”, nem a jusante à questão “ para onde vamos”. Aliás, ao mais leve saber que se acrescente no edifício do conhecimento universal, as dúvidas parecem sempre suplantar as certezas, ou seja, sempre que a ciência vai conseguindo aparentemente dados mais objectivos, mais e mais complexas dúvidas aparecem sobre a questão fulcral que trespassa gerações desde que o homem se entendeu como Ser pensante. Cerca de dois milénios e meio volvidos é caso para parafrasear o filósofo Sócrates, “só sei que nada sei”.

É absolutamente inegável, que a ciência tem feito grandes avanços nos últimos cerca de dois séculos. Mas será que posso com total rigor dissê-lo desta forma? Porventura numa escala de conhecimento humano assim é. Contudo a que valor quantitativo equivale o conhecimento humano relativamente ao conhecimento “real do Cosmo”, partindo do principio hipotético que este possa algures numa determinada escala ser finito. Não estará o conhecimento humano ainda numa fase tão insípida do CONHECIMENTO, que nem chega a ser um conhecimento marginal? Por esta mesma razão, o Professor de Física que pediu aos alunos para esquecessem tudo o que tinham aprendido no Secundário, lhes irá no inicio do quinto ano do curso, dizer para esquecerem o que aprenderam nos anos anteriores, precisamente porque o que hoje é em ciência, não o foi ontem e com muita certeza menos o será amanhã, até que aja um real domínio do CONHECIMENTO.

E, antes de terminar, o copo. Sou impulsionado a perguntar, qual copo, porque nem sei se existe algum copo. Não será o copo apenas uma minúscula fracção de matéria, pertencente a uma enorme unidade de matéria? Se me regesse apenas pelo conhecimento do senso comum de que hoje dispomos, responderia, que existe um copo que pode estar cheio, meio cheio ou vazio de água, ou com um maior rigor se estivesse vazio de água estaria cheio de ar. Porém, já hoje sabemos que através da física quântica e disciplinas associadas, que uma resposta nesse sentido caía no campo do reducionismo, isto para não dizer que os conhecimentos hoje considerados, amanhã serão ainda eles considerados ultrapassados e igualmente incorrectos, veja-se o caso da memória da água e do poder do pensamento humano sobre a mesma.

Não tenho poder conclusivo sobre o quer que seja, todavia, não tenho pejo em considerar que somos nós quem determina quase totalmente, a forma e o modo de como queremos viver. Somos nós praticamente os únicos responsáveis por projectar-mos ou inibirmos a nossa energia, somos nós que determinamos o conteúdo e a focalização dos nossos pensamentos, somos nós que rejeitamos ou fazemos uso da força extraordinária que o conjunto energia/pensamento podem potenciar, afinal somos nós que vivemos a nossa vida, e nela e sobre ela temos o poder de a conduzir como queremos.

De onde vimos, o que fazemos aqui, para onde vamos … seja um princípio, uma passagem ou um fim.

4 comentários:

  1. Luisa.
    Embora seja um texto muito grande, devo dizer que gostei. Mostra claramente que você não vê as coisas com superficialidade, dando-lhe consistência.
    Perdou-o-me a extrapolação de tema, mas é pena e injusto termos a conduzir Portugal, gente supérfola e não aproveitarmos gente como você e outros.
    Parabéns.

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  2. Questionarmo-nos é sinal de riqueza interior. Questionar quem somos, que caminhos tomamos, o que nos espera? Lamentavelmente creio que poucos têm a humildade de se questionar e de assumir uma quase total ignorância em relação a "maiores" saberes, mesmo passados tantos séculos de humanidade! Alguns acreditam ser donos da verdade, mas a verdade não pertence a ninguém. Talvez não a mereçamos, talvez ela não nos interesse, ou talvez a verdade pertença a outras dimensões.
    Dizem-me os mais optimistas que o ser humano tem evoluído e cada vez a evolução será maior... Sou muitíssimo ceptica em relação ao positivo crescimento humano - penso mais que andamos às voltas, baralhando e embaralhando as cartas desta nossa vidinha míserável, voltando sempre costas à estimulação e valorização da inteligencia emocional que nos poderia conduzir mais próximo da verdade!
    Podería estar aqui a dissertar quase durante toda a minha existência, dadas as duvidas que sempre me assolam o espírito! E quanto mais penso, menos sei! Apenas tenho a mesma certeza que o meu amigo: temos algumas coisas na nossa mão - o chamado livre arbitrío, opção de escolha dos nossos caminhos em vida. Ainda assim, sou menos "crente"... Acho que até as nossas escolhas são condicionadas pelo que nos vai surgindo (não sei de onde), no caminho.
    (Gosteí imenso deste seu texto)
    Grande abraço e até breve

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  3. Meu amigo:
    Já tinha saudades das suas excelentes dissertações, pena é que neste mundo da internet onde tudo é lido a correr,os textos mais longos e mais profundos acabam sempre por passarem despercebidos.
    Não temos tempo para nada, vivemos a correr ou melhor a fugir da nossa essência, acabamos por não pensar, não agir. O resultado está à vista.
    O futuro e a nossa evolução devia passar pela reflexão, pela pausa, pelo conhecimento, mas acho que estamos a seguir o caminho inverso.


    Beijinhos
    ps. Obrigada pelas suas palavras no meu blogue.

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  4. excelente texto.parabéns
    l.p.m.n.

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