domingo, 25 de abril de 2010

ABRIL, QUE ABRIL?

Foto: retirada da internet / sem indicação do autor

Recordo na minha memória, há uns anos atrás que alguns políticos e não só, não se calavam com a frase “As Portas que Abril abriu.” (porque hoje acredito terem mais dificuldades em dizê-lo).
Reportar-se-iam certamente, às portas que Abril abriu a uma série de predestinado da nação, que se colaram ao regime com maior poder de sucção do que as lapas na rocha, sugando esta velha nação, até das entranhas mais putrefactas, apetecendo-me se tivesse boa voz, cantar “eles comem tudo e não deixam nada.”

Obviamente e isso é um facto indiscutível, Portugal, não poderia continuar sobre as garras de um estado, onde a liberdade de expressão e outros direitos básicos dos cidadãos fossem quotidianamente atropelados. Tempo de mais esteve Salazar e os seus apaniguados no poder.

Tenho para comigo atendendo à pressão e dinâmica Internacional, à forma de pensar de Marcelo Caetano, que se não houvesse o 25 de Abril, a questão da passagem de Portugal para outro regime político, estaria para breve. Marcelo não aguentaria muito mais tempo. Houve, quem se apercebesse disso e antes que fosse tarde… Facto indiscutível, e a confirmá-lo está o 25 de Novembro, que evidência claramente que nem todos os que se predispuseram a fazer o 25 de Abril, o fizeram inocentemente.

Pergunto igualmente em que estado está a famosa política dos 3 D.

Descolonizar – processo vergonhoso, revoltante e desastrado, em que Portugal, não soube salvaguardar os interesses dos seus filhos, deixando-os praticamente à mercê da sua sorte.

Desenvolvimento – depende da forma como se olham para os números, mas se não tivesse havido um 25 de Novembro provavelmente este item, seria da mesma ordem de grandeza dos que existem em países que são uma referência nesse capítulo, a Coreia do Norte e a tão espectacular tierra de Habana.

Democracia – bom, existe de facto, mas em que moldes e conteúdos.

Resta-me apenas uma palavra de apreço, para todos aqueles que foram protagonistas do 25 de Abril e, o fizeram sem terem em mente qualquer tipo de interesse e, acreditando piamente que o povo Português seria o grande beneficiário. Esses merecem-me todo o respeito. Uma palavra de homenagem aos bravos de Novembro, que mandaram para as urtigas os planos de muita boa gente.

O tempo é sempre o grande decisor. Heróis de ontem, podem muito bem vir a ser gente “non grata” no futuro.

Já estamos a ver o que o tempo diz, vamos ver o que dirá.

P.S – Contribui há uns anos, como poucos em Portugal, para uma discussão séria e responsável sobre Abril, tendo permitido, que os principais líderes políticos da altura, expusessem claramente os seus pensamentos sobre o tema. Basta consultar os Jornais da altura.


4 comentários:

  1. Meu amigo:
    Subscrevo tudo o que aqui tão bem escreveu.
    Sou mais velha, vivi inocentemente o 25 de Abril com a emoção própria da juventude, com tantos sonhos, pois tudo parecia possível.
    Fui vítima da desestabilização social que se viveu na altura, por causa disso não segui o percurso que desejava, lutei bastante para conseguir um trabalho, mas sempre pensei que o sacrifício da minha geração valia a pena.
    ~Passados 36 anos, vejo os meus filhos e os jovens em geral a lutar por um trabalho digno,vejo os nossos velhos a viverem miseravelmente, vejo o país a afundar irremediavelmente.
    E pior, vejo oportunistas no governo, nas empresas, no país, a viverem bem à custa do nosso sacrifício.
    Se para isto existiu Abril, hoje lamento-o!
    Um abraço


    (Já agora fiquei curiosa e gostaria de ler a "discussão" de que o meu amigo fala, onde posso consultá-la?)

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  2. saminio, apeteceu-me comentar assim:

    O País está a saque
    Baixou a guarda
    E deixou-se invadir
    Por políticos bandidos
    Comerciantes avarentos,
    Jornalistas sem verdade,
    Juízes sem honestidade,
    Banqueiros sem vergonha

    O País está a saque
    Já não tem sentinelas
    Nem portas ou janelas,
    Tudo virou usado
    O que era belo ficou vulgar

    Queremos um País de verdade
    Que nos faça acreditar
    Fui feliz, acreditei,
    Enquanto sonhei
    Queria subir mais alto, voei
    Hoje apenas sei, que os meus filhos
    Já não sonham como eu sonhei.....

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  3. Fê, Hasaliah, gostei muito dos vossos textos, pela genuinidade e por terem brilhantemente mostrado o que vos vai na alma. Hasaliah, cada vez mais poeta. Sou muito agradecido pela vossa passagem pelo PALAVRAS SEM JEITO

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  4. Meu caro SAM

    Subscrevo POR INTEIRO as suas palavras, as da FÊ e as poéticas (palavras) da BAL!
    Para quê tentar escrever pior se TUDO está tão bem descrito?
    Quando verifiquei que (além da retirada dos retratos oficiais) a primeira coisa que pretenderam foi o aumento dos salários feitos de uma forma tão abrupta e ACABAR com com os ricos (na Suécia, a preocupação é acabar com os pobres, que miseráveis não há), logo me cheirou a asneirada da grossa.
    Depois, quando começou a invasão dos MILHÔES de Euros, ainda acreditei que ganhássemos juízo.
    Hoje (tirando a liberdade de expressão - e pelo que tenho visto, há uns lápis azuis escondidos, mas com o rabo de fora) este Portugal está na BANCARROTA, embora um iluminado ande feliz da vida a negá-lo.

    Um abraço (SEMPRE).

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