domingo, 6 de dezembro de 2009

PORTUGUÊS DE ÁFRICA, ANGOLANO NA EUROPA

                                                                                             Foto: Samuel Patrocínio

Há muito que queria colocar um Post, sobre Eu e a África que me viu nascer, mas não sabia como o fazer, porque quando à minha memória “sinto” África, pululam muitos sentimentos, que acabam por ter o duplo efeito, de querer muito e sobre muitas coisas escrever e igualmente não o conseguir fazer.

Quando me perguntam se ainda sinto alguma coisa por Angola, de uma forma bem definida respondo, que sou culturalmente Português e Europeu, afinal só nasci e estive em Angola até aos quatro anos e sou filho de pais portugueses, obrigados a regressar devido à incompetência do Estado Português, no que à Descolonização diz respeito. Mas, a coisa não é bem assim… há no meu código genético, na minha personalidade, na minha forma de ser e agir, no Eu que sou, uma directriz intuitiva que me impulsiona ao Continente Negro.

É uma força maior do que Eu, que constantemente me faz o favor de lembrar que afinal não sou apenas Português e provavelmente menos Europeu. É uma força que dita claramente que também sou Angolano e Africano. É uma força, que me trás à memória as cores e tonalidades, a luz, os sons, o ritmo das gentes e a coragem de África.

Uma força que quantas vezes inconscientemente me impele a sorver os noticiários da RTP África, de uma forma tão evidente, como se uma necessidade básica de sobrevivência se tratasse, confundindo aqueles que comigo vivem e para quem África é pouco mais do que um Continente com memória de alguns países que foram Portugal.

Sou … Português de África, Angolano na Europa.

4 comentários:

  1. António Moreira diz:
    Acho interessante este seu texto sobre África sobre o recordar das suas memórias.Falou da descolonização de forma fugaz. Gostava que saber mais do que pensa sobre a mesma.

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  2. África e a sua Magia. Ser Africano é uma benção, conserve-a.
    ctm.

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  3. Pois é, há um ditado angolano muito interesante que se aplica ao seu caso e ao de muito boa gente:

    "Dor de desgosto é maior do que dor de facada".

    E esa dor de alma não tem cura e vai roê-lo por dentro como um cancro. O mesmo cancro que vem agora destruindo aos poucos a nossa querida Angola.

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  4. Continuo fascinada pela sua escrita e pelas suas emoções,escreve com a alma e a sua aqui está sofrida.
    Um abraço

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