HUMAN ROBOTS
Ilustração: Samuel Patrocínio
Admito sem rodeios que o meu ponto de vista, sobre o assunto
que hoje trago ao “Palavras sem Jeitos”, radique numa incompreensão pessoal, e
eventualmente nalguma tacanhez intelectual.
Não sou daqueles, que gosta de alinhar no diapasão de dizer à
boca cheia, de que, “no meu tempo é que era bom”, numa alusão “aos tempos idos”.
Tento compreender todas as épocas (lidas aqui como um espaço temporal de vida
humana), porque o meu tempo, são todas as épocas da minha vida. Tento também a
cada época actualizar-me e esforço-me por viver em consonância. Tal não quer
dizer que me ajeite a viver cada época, com as banalidades da moda.
Sei que não sou Livre. Sou como toda a gente condicionado por
um conjunto de situações que nos obrigam a coadunar com determinadas
inconsistências, que o nosso Ser não preza. Contingências.
O Condicionamento pelas contingências, não são um orgulho
para ninguém, mas é uma incondicionalidade da vida. Muitas vezes são quase, uma
situação de “vida ou morte”.
Coisa diferente, é oferecer a minha liberdade a
desconhecidos, por motivos meramente incompreensíveis.
Colocar-me deliberadamente sobre a mão de alguém, ainda por
cima, invisível, por motivos fúteis, é
um completo ato de cobardia à dignidade humana.
Do que estou a falar? Estou a falar de uma sociedade que
vive, revive, e apenas vive para a frivolidade das redes sociais, dos jogos de
computador e de outras dependências, que nos desviam integralmente do
incisíssimo elemento que nos define como Seres Humanos. Saber Pensar. Utilizar
o Raciocínio.
Permitam-me que fixe agora a atenção nos jogos de computador.
Que fixe a atenção na multitude de Jovens, que vive na cápsula do alheamento do
Mundo onde vive. Gente, que quase apenas constrói a sua personalidade, à medida
do desenrolar de uma etapa num determinado jogo. Há medida da arma que o seu
avatar pega e com a violência com que esmaga o adversário.
Gente que perdeu a sua identidade. Gente que respira a
heroicidade de uma banal personagem de um jogo. Gente que passa pelo “portal”
dos meandros do raciocínio humano, e numa cópula com a máquina, se transfere
para o cerne da ação, que nunca existiu.
Gente que se coloca a mando de alguém a qualquer momento. E
se esse alguém, tiver outras intenções que não somente o de explorar as “suas”
fragilidades, transformando-as em dinheiro. Se tiver “outras” intenções, basta
uma imperceptível mensagem para ter um exército de parolos, a quererem agradar
ao “Amo”, que nem sequer conhecem e nem sabem que existe.
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