O MEU RIO TEJO
Foto: Samuel Patrocínio
Por muito que não queira,
não posso deixar de reagir com mágoa, com muita mágoa, à vil forma, de como
está a ser tratado o “meu Rio Tejo”.
Não consigo compreender
como ainda existem “fantasmas”, sim “fantasmas”, que continuam impunemente a
fazer despejos de resíduos para o “meu Tejo”, aleijando-o na sua majestosidade,
pouco depois de entrar em território nacional.
Disse “fantasmas”,
porque ao que parece nunca, ou quase nunca se sabe quem abriu a boca do “Adamastor
poluidor” para que derramasse “líquido de morte” nas águas do “meu Tejo”.
Constantemente vejo nas
redes sociais, as sofridas, mas valentes águas do “meu Tejo”, que num insistente
turbilhão de gemidos visuais e
odoríferos, teimam em manter-se à tona, para suplicar ajuda humana.
Conheço bem “o meu Tejo”.
Sei quando ele chora. E, o “meu Tejo” quase já não tem força para deixar cair
uma simples lágrima de súplica.
Nota: Existem 3 rios
que fazem parte da minha vida. O Rio Alviela, o Tejo e o Guadiana. E ainda um
outro que tenho quase mesmo à porta (a 2/3 Kms) que é o Ardila. É curioso, mas sempre vivi, ou junto ao mar,
ou praticamente nas margens de Rios.
Rio Alviela - Vivi
cerca de 16 anos, num Planalto, com uma vista soberba, que guardo no eco da
minha saudade, sobre cerca de 3/4 Kms de percurso e cerca de 500 metros de
distância, do Rio Alviela, um afluente
do Rio Tejo. No Verão via-o quase seco, mas nunca secou. No Inverno admirava as
suas cheias. O Rio Alviela, é um dos
mais importantes Rios de Portugal, apesar de poucos o conhecerem. Tem a maior
nascente de água doce de Portugal, captando as águas que se infiltram nas
vastas áreas calcárias das Serras de Aire e Candeeiros. Fornece parte da água
que a cidade de Lisboa, bebe. A pouco quilómetros da nascente sofria uma facada
aguda na sua alma. Era invadido pelas águas turvas da indústria de curtumes de
Alcanena (a minha amada terra). No passado a agressão era brutal, agora, pode
ir respirando de alívio, num alívio que nem sempre dá tréguas.
Rio Tejo – O Rio Tejo é
o Rio da minha capital de distrito, o Rio que admirava e admiro a partir do
Miradouro do Jardim das Portas de Sol,
em Santarém, ou quando constantemente o
atravessava pela antiga ponte e agora pela Ponte Salgueiro Maia. O Rio que me
ligava do Ribatejo Norte até ao Ribatejo Sul, ali para as bandas de Salvaterra
de Magos, durante os meses de Verão e aos fins-de-semana, anos a fio. O Rio que
no Inverno me pregava partidas, e me obrigava a conduzir ou a ser conduzido, entre Almeirim e a Azeitada, com a água pelo
motor do carro, sabendo que em pouco minutos, a estrada já não me permitia
sequer essa arriscada circulação, ou quando por esse motivo me obrigava a ter
que ir por Lisboa. O Rio que nessa casa de Salvaterra, me permitia sentir a
sua força aglutinadora. O Rio que me levava muitas vezes até à praia de Magos,
ou até ao respirar da vida dos pescadores do Escaroupim. Sempre que vou a essa
casa, continuo a sentir o “meu Tejo”.
Rio Guadiana – O Rio
que quase todos os dias, hoje, atravesso.
O Rio que vi transformar, e criar a maior albufeira da Europa. O Rio da
Esperança para uma terra queimada pelo Sol. O Rio que transformou as manhã
dessa terra em nevoeiro. O Rio que para mim continua a ser de Esperança. O Rio
que “absorvo” calmamente na sua passagem diária pela albufeira de Pedrogão e me
faz recordar, vivências de outro tempo. O Rio que projeta o palpitar do meu coração, para “o meu
Alviela” e o “meu Tejo”.
Perdão
ResponderEliminarseu rio, também é o meu rio
e quanto
aos agressores
poluidores
me espanto
pois são mais que conhecidos
tais senhores
O drama é como o dos incêndios
Nem apanhados em flagrante...
O resto é discurso diletante
(como o do autarca de Abrantes)
Olá Samnio, sempre quando me falta esperança,
ResponderEliminarme volto para o rio; mesmo os devastados pelo homem
tem sua grandiosidade.
As suas palavras são quase uma Ode ao rio.
Boa semana.