domingo, 8 de janeiro de 2017

A questão, que também faz parte do percurso político de Mário Soares



Ponderei se deveria ou não colocar este breve post, em virtude de muitos ainda se regerem por uma tacanhez de pensamento político e de se nortearem pelo endeusamento de determinadas figuras, não sendo meu objectivo criar polémica.

Porém, parafraseando alguns comentadores da nossa praça, "Inspirado no exemplo de determinação  e coragem que caracterizava Mário Soares", não poderia deixar de referir aquilo que é o meu pensamento relativamente ao seu percurso e acção política.

Reconheço em Soares o símbolo da Democracia e Liberdade. Reconheço-lhe o esforço para nos colocar no seio da família europeia. Reconheço-lhe a prática política junto das populações. Reconheço-lhe a genialidade como político. Mas, reconheço também em Soares, responsabilidade no Processo de Descolonização, e de que maneira.

Era inevitável o Processo de Descolonização. Mais ano menos ano, mais mês menos mês. A Conjuntura Internacional jamais permitiria que a Descolonização não se materializasse. Os interesse das super-potências e dos seus conglomerados já tinha ditado a sentença. Além do mais, a ambição dos naturais (incluindo de origem portuguesa) de tomar nas mãos os destino das suas nações era mais do que justa. 

Tenho acompanhado os debates e programas de informação sobre Mário Soares que ontem e hoje, têm passado pelas televisões portuguesas. Um dos convidados indagado a este respeito, afirmou que pouco se poderia fazer para manter as colónias africanas, porque os militares portugueses se recusaram a tal. Porém, não é essa a questão. A Descolonização era uma inevitabilidade. 

A questão, e única questão, repito, única questão, foi o facto de Portugal, e dos seus dirigentes não terem salvaguardado os interesses legítimos dos portugueses, tal como a generalidade dos países europeus tinha feito com os seus naturais, em processos similares. Essa é a verdadeira questão. 

A questão, que também faz parte do percurso e acção política de Mário Soares, e que, de maneira nenhuma pode ser escamoteada.


1 comentário:

  1. texto muito generoso, atendendo ao sofrimento dos portugueses.
    mas bem em lembrar.

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