domingo, 22 de outubro de 2017

VENHAM VIVER PARA O INTERIOR DE PORTUGAL
Foto: Samuel R. Patrocínio


 O que tem acontecido em Portugal nos últimos temos é demasiadamente mau , para que tenha vontade de escrever sobre o tema. 

Naturalmente que me estou a referir à incapacidade do Estado Português, em fazer a defesa dos seus cidadãos. 

As discussões já são mais que muitas, algumas ilações políticas já foram tiradas, medidas apressadas foram tomadas, e toda a gente espera que no próximo ano, nada de igual se venha a repetir.

Muito se tem falado da incompetência do governo. Que existiu; do desordenamento florestal. Que existe; e de muitas outras coisas que são verdade.  

Infelizmente não tenho ouvido falar muito da existência de duas realidades díspares de um Portugal dividido em dois longitudinalmente. O Interior e o Litoral.

Politicamente o Portugal Interior, não conta para Lisboa. Não tem gente, não tem votos. Não tem votos, não influência as dinâmicas políticas. Então podem-se fechar escolas, postos dos correios, centros de saúde, etc, etc, etc.

Dou o Exemplo do Distrito de Beja. Apenas e só o maior distrito de Portugal, que se estende transversalmente da fronteira com Espanha ao Atlântico. Sabem quantos deputados elege?

Eu digo. 

Três, sim leu bem (3) três deputados.

O distrito de Évora, elege igualmente três deputados e o distrito de Portalegre, dois deputado. 

Vamos a contas, um terço (1/3) do país elege 8 (oito) deputados em 230 (duzentos e trinta). Que força política têm estes homens e mulheres nos seus partidos e no conjunto do parlamento?

O mesmo acontece com os restantes distritos do interior. 70 a 80% do território português não deverá valer mais do que 30% do peso político nacional. 

Sem peso político,  não há pressão. Não há pressão, não há investimentos. Não há investimentos . Há cada vez menos gente. Foi-se esvaziando o país. As aldeias estão na sua maioria desertas e a população que vai resistindo, dois terço, são idosos.

Menos gente, menos peso político, menos massa de reivindicação, em suma , esquecimento político. Em suma das sumas Portugueses de segunda ou de terceira, ou de quarta, enfim….

Estas tragédias apenas vieram confirmar o abandono que há muito começou para com as populações do Interior do país.

Voltando ao distrito de Beja, e colocando a situação no meu caso particular. Todos os dias faço 55 Km para ir trabalhar (ir e vir, 110km). Todos os dias tenho de ir de carro. Todos os meses gasto uma fortuna em combustíveis.  Perguntam-me vocês? e porque se está a lamentar? vá de transportes públicos, fica mais barato. E têm razão. Mas a vossa razão é igual ao desconhecimento da realidade do Interior do país. Não tenho alternativa. Não há transportes públicos, nem mesmo a designada "carreira”. Absolutamente nada.

E vejam a injustiça dos políticos deste país. Os Habitantes das áreas metropolitanas, que utilizam os transportes públicos, têm o direito a deduzir no E-fatura , um determinado valor. Não interessa o montante. 

Interessa apenas a igualdade de critérios. Porque razão os habitantes do interior do país onde manifestamente se verifique não existir transportes públicos, não têm o mesmo direito sobre os combustíveis gastos. Nem que isso representasse apenas, cêntimos. Por aqui se vê os portugueses de primeira e de segunda.

Para os muitos do Litoral que argumentam que é bom viver no Interior, façam um favor ao país, venham viver para o Interior, que o Interior está de braços abertos para vos receber… não sei é se resistirão após a primeira necessidade de se deslocarem a um hospital. Dou o exemplo  da população de Barrancos, que tem de andar mais de 120km (ir e vir, 240km), para ir ao hospital de Beja.

Venham viver para o Interior, o Alentejo e o Interior do país espera-vos. Uma coisa é a realidade diária, outra bem diferente é o romantismo de um fim de semana.

Quanto aos políticos, e como bem diz o Presidente da República, está na altura de conhecerem realmente o país que governam. 

Não fora a tenacidade e irreverência dos autarcas do Interior e há muito que Portugal se resumiria à faixa Litoral, para apanhar sol e tomar um banhinho de mar.

2 comentários:

  1. Olá, Samuel!

    Que texto! As verdades são para se dizerem, agradem ou não.

    Gosto do interior e de interioridades, mas estou em Lisboa desde os dois anos. Isso, não quer dizer nada, pensa o Samuel, pke há quem nasça em Lisboa e depois dos 20 ou 30 ano, venha para o interior com projetos engraçados, rentáveis, limpos e ecológicos e olhe que está na moda, e cada vez mais, gente com licenciaturas irem para o interior, deixando as cidades e mudarem a vida, completamente.

    Efetivamente, a saúde é aquilo de que mais precisamos e o hospital de Beja está longe para muitas vilas ou aldeias. Os transportes, tb, pesam, sem dúvida. Há que dinamizar o interior, mas temos de ser todos a pensar.

    O litoral não me atrai nem um pouco e podiam dar-me uma casa no Algarve, que só a aceitaria, para a arrendar. Não gosto de mar, nem de praia e por isso até estou com falta de vitamina D.

    Beijinho e boa semana.

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  2. Como sempre meu amigo, escreveu bem a realidade de um país há muito mal governado pelo poder central.
    Agradeço a sua amizade e o incentivo para que continue a "andar por aqui":), mas a vida é feita de escolhas, uma vezes por opção outras por obrigação.
    Neste momento estou a dar uma pausa nos blogues o que não quer dizer que não possa um dia lhe dar continuidade, no entanto pode crer que nunca esqueço quem me estima.

    Um beijinho amigo e muitas muitas felicidades.

    Fernanda

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