terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

EU SEI, EU SOU, EU... EU... EU...


Espanta-me viver num mundo com cada vez mais incertezas, e dar de cara com indivíduos com cada vez mais certezas.

A cada dia que passa, fico com a noção, de que estou perante uma Sociedade Ignorante, pouco intelectualizada e sem visão global de mundo, mas que se julga extremamente culta, dominadora de todos os assuntos e saberes, e que nunca, mas nunca perde a razão.

Recordo num passado próximo, tanta gente de grande saber, que punham na humildade a sua forma de comunicar e interactuar com o próximo.

Hoje, deparo-me com gente Arrogante. Com gente despersonalizada de sapiência, que carrega um falso arcabouço de sabedoria dominada por uma posse altiva de, EU SEI, EU SOU, EU… EU… EU… 

Já não tenho paciência para aturar esta turba de Insensatos. Fedem a estupidez e quando abrem a boca soltam brasas de ignorância. 

Há muito que deixei de querer ter a minha razão. Dou-lhes de bom grado “a bicicleta”. Já não perco tempo em tentar mostrar o óbvio, a quem despreza o bom senso da razão. 

Intui-o que eventualmente a principal causa, deste “desacerto”, se deve à democratização do Ensino Superior. Formaram-se em massa licenciados, sem que muita gente tivesse estrutura, para alguma vez auferir o título de doutor. A moda pegou e arrastou-se a toda a pirâmide social. 

Disfarçam com a Arrogância o vazio de conhecimentos. Acreditam e praticam até à exaustão, EU SEI, EU SOU, EU… EU… EU…

 

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Pela Rádio me Enamorei

Não tenho pela Rádio uma Paixão, tenho pela Rádio um Enamoramento constante e diário. 

Desde que me conheço dever-se-ão contar pelos dedos da mão, os dias que passei sem ouvir Rádio. Todos os dias tenho encontro marcado com a Rádio, onde quer que esteja, perceba ou não o idioma em que está a ser emitida.

Mas não sou apenas um mero ouvinte. Conheço a Rádio por dentro. Sem falsa modéstia, desde 1993 que tenho sido “Rádio” para outros.

 Não, não sou profissional, mas na Rádio já fiz praticamente um pouco de tudo. Produzi, moderei, comentei, reportei … do guião à voz, a Rádio faz parte do pulsar da minha vida. Por quatro estações de Rádio passei, nas quatro, vivi de forma empolgante a magia da Rádio.

Desde que me conheço, que a paixão pela comunicação, sempre fez parte de mim. Queria ser Jornalista. Desde sempre e ainda hoje, fora do estúdio da Rádio, dou comigo no meu mundo da ficção, “a inventar programas”, a fazer spots, a narrar notícias…

Não, não sou profissional, mas se há coisa na vida que eu sei que faço bem, tão bem que me arrisco a dizer sem falhar um milímetro, que se estivesse numa Rádio de âmbito Nacional,  estaria ao nível dos melhores.

Quis a vida que a minha opção universitária, não fosse devidamente ponderada e seguisse um caminho diferente do Jornalismo. Quis a vida que desde a minha frequência universitária que o Jornalismo nunca morasse longe de mim. 

Uma “carreira” (sim carreira) de mais de 20 anos de Rádio, com a tónica ligada à informação, e se me permitem um parêntesis, uma carreira extra-Rádio com mais de uma centena de colóquios moderados e na sua maioria por mim organizados, por onde passaram nomes como Carlos Carvalhas, Durão Barroso, Francisco Louçã, Garcia Pereira, Odete Santos, Pedro Mota Soares, Ana Gomes, Capoulas Santos e muitas centenas de outros mais.

Colóquios que por duas ou três vezes, conseguiram estar nas primeiras páginas de Jornais Nacionais. Não estou a falar de uma informação de rodapé no interior do Jornal, estou a falar na primeira página onde por norma apenas o sensacionalismo vende.

Não sou Jornalista mas estou orgulhoso da minha “carreira”.

Para mim a Rádio não é uma “máquina” de debitar música com uma ou outra frase solta pelo meio, para mim a Rádio é informação, é ouvir e dar voz a quem está do outro lado, é comunicar…e comunicar é falar… não há outro jeito de fazer Rádio.

Hoje é o Dia Mundial da Rádio, amanhã o dia dos Namorados. Pela Rádio me Enamorei.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

O ACORDO DO DESACORDO
 Apesar de saber que o acordo ortográfico para a Língua Portuguesa nunca ter sido pacífico, com muitos intelectuais portugueses e não só a reclamarem o seu fim, a verdade, é que fui hoje surpreendido com a notícia de uma eventual suspensão do mesmo. 
 
Em bom rigor sou dos que nunca viu com bons olhos este acordo. Não posso contudo, corroborar com esta intenção de o suspender, pela simples razão, de já termos uma geração de crianças totalmente “formatadas” a este acordo. 

Não podemos tratar a Língua Portuguesa com leviandade. Hoje pensamos assim, amanhã, queremos mudar, no outro dia voltamos atrás. A Língua é um “edifício” estruturante, que não permite alterações profundas constantes. Assumimos que queríamos o acordo. Impusemo-lo nas Escolas e às nossas crianças. Resta-nos assumi-lo, ainda que dele possamos não gostar.

Devo referir que não sei totalmente escrever à luz do acordo. Nunca me consegui adaptar. Situação que é partilhada pela generalidade daqueles que fazem parte do meu ciclo social. Faço, infelizmente, uma escrita híbrida. Agora imaginem as nossas crianças e adolescentes terem subitamente de alterar as suas regras ortográficas. 

O acordo mal ou bem foi assumido, cumpra-se.